quarta-feira, 27 de julho de 2011

Coral

Algumas vozes soavam juntas e era bonito de ouvir. Mas mesmo assim cada um tinha um livro para dizer, e uma cachoeira para descer. Diferente, e tão igual que todos assistiam a mesma novela, e achavam que ali era a história do seu amor, sem notar que ao vivo é mais encantador e incerto. Não dá para cantar o próximo verso por que a diferença dos seus netos vem da mesma fonte, e passam cada um por uma ponte e eu quero escutar.


Ouvir nota por nota sem tentar fazer de tudo uma só massa, prefiro as saladas em que cada sabor permanece e se aquece. Um áspero de maçã, correndo o risco de se envolver com a folia de uma laranja. A delicadeza da pera envolvida na saudade que dá o gosto de seriguela. Prefiro a salada e a queda. Aceito a diferença e o encaixe do tempo, em que sabores gostosos se descobrem mais amenos para se juntar.

Outras mulheres podem ser e são mais encorpadas e sorridentes do que eu, mas eu guardo uma cachoeira e uma nota que só sai da minha garganta e que nunca quis ser santa.

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